quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Experiências de vida - Trabalho

Com 7 anos eu comecei a trabalhar com meu pai. Meu pai deveria me processar, pois eu não lhe dei outra opção. Eu me lembro que eu queria fazer aquilo. Como ele não deixava um dia eu roubei as ferramentas dele e fiz algum estrago. Aí ele desistiu de me segurar.

Com cerca de 16 anos eu comecei a freqüentar o autódromo de Interlagos.  Em algum tempo eu ajudei meu amigo Edu Harmel, que tinha um projeto de de site para divulgação do automobilismo. Que não deu muito certo, mas que me levou até o Ivo Sznelwar, que era na época produtor do programa Espaço Motor em São Paulo. Eu instalava câmeras on-board nos carros, arrastava tralhas, etc.

O programa Espaço Motor, que era comandado pelo João Mendes e chegou a ser o programa independente mais antigo no ar na TV brasileira perdeu seu espaço. Perdeu por um fato "famoso", um esquema de corrupção da bancada evangélica. O Espaço Motor perdeu seu espaço exatamente para um programa de Igreja, pago com dinheiro dos esquemas de corrupção. Nesse meio tempo eu ingressei na engenharia da FEI.

Foi então que o Ivo me introduziu o Jaime Gulinelli. Eu me lembro como foi  a entrevista. Você sabe fazer? Não.. E aquilo? Também não? Pelo menos isso você sabe, né? Também não sei. Mas tudo bem, você está contratado!

Foi trabalhando como Jaime que tive a melhor experiência de engenheiro na vida. Quando eu resolvi o problema de super-aquecimento do carro no "olho". Eu até me achei engenheiro na época, se tudo fosse tão fácil assim hoje eu estaria milionário ou pelo menos vivendo bem como o Luc de Ferran. Outra coisa bacana foi quando produzimos os tanques de abastecimento para as Mil Milhas Brasileiras, a primeira que fez parte do calendário da FIA em 2006. Nós produzimos as torres de abastecimento no padrão FIA para as equipes brasileiras. Não tivemos homologação, mas foi tecnicamente aceita.

Também foi quando mais aprendi de suspensão na vida. Eu me sinto até hoje muito mais um especialista em suspensão do que em motor... Mas para não desviar do assunto.

Por causa da minha experiência com o Jaime, eu consegui um estágio de engenharia na Darma, empresa de ventiladores e máquina de mineração no Largo do Socorro do seu Renato. Meu chefe era o Emmidio d'Andrea. Eu acabei fazendo mais coisas com sistemas de amostragem para máquinas de mineração. E graças a isso acabei visitando algumas minas em Minas Gerais. Minas de ferro foram os lugares mais bonitos e mais feios que já estive na face da terra. A mina de Brucutu, a maior do mundo, era um horror. E a de Gongo Soco era uma coisa linda. Gongo Soco foi uma vila inglesa de exploração ao ouro, mas a mais de 100 anos o ouro acabará. A vila inglesa permanecia lá em ruínas. A cidade também era a primeira cidade onde o Aleijadinho trabalhou, Barão de Cocais.

Bem, depois eu entre na MWM, o que é uma história a parte. A MWM foi muito mais que um trabalho, foi uma vida inteira! Mas uma história de trabalho da MWM ainda cabe aqui.

Minha experiência montando blindados militares na Turquia. Nós tínhamos que entregar 11 carros para polícia turca na sexta-feira. Sexta-feira que eu tive uma caganeira lascada e os blindados estavam na maioria crus, não dava para fazer muita coisa. Mudaram para segunda a data e sentamos a ripa, que no nosso caso era "fleshar" os 11 carros com a calibração correta e checar se tudo estava funcionando corretamente, um porção de sensores do veículo. Eu não estive numa guerra, mas se eu tenho idéia do que é guerra é essa experiência de trabalhar dentro de uma instalação militar sob pressão. Um dos motores apresentou vazamento de óleo, e aí me chamaram lá. Eu só pedi para ir buscar as ferramentas e o retentor que estavam em outro prédio. E acho que nunca fiz um trabalho de mecânico tão tranqüilo, parecia coisa de criança. Eu poderia ter gravado um vídeo pro Telecurso 2000, explicando o que eu estava fazendo, de tão claro e seguro que eu estava. Trabalhar na guerra é mais legal. E minha caganeira só me atacou uma vez no dia.

O turco que era "meu chefe" no blindado, era um cara fantástico. Yusuf era alcoólatra para os padrões turcos, ele bebia todo dia uma ou duas cervejas enquanto dirigia, e as garrafas ficavam batendo no chão do carro. Ele só esvaziava o carro quando encontrava um ponto de coleta para reciclagem. E me lembro dele chegar segunda-feira de manhã, dia da entrega, depois de ter se ferrado o final de semana todo rindo e cantando alguma música na cabeça. Um dia ainda vou contar o porque eu nunca vou me esquecer da felicidade do turco, mas ele tinha muitos motivos para estar bem bravo e mal humorado, mas estava lá rindo de si mesmo. Manter a serenidade enquanto medita num campo verde e tranqüilo é fácil. Mas é

Nesses 30 anos de idade eu já me diverti e tive oportunidade de fazer coisas muitos legais como trabalho!

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