terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Força policial

Essa semana duas notícias envolvendo policias ganharam as manchetes.

Na primeira, o filho de um Coronel reformado da polícia do Rio de Janeiro foi preso com um outro policial por tentativa de assalto.

Em outra, policiais militares na Bahia foram flagrados feito maloqueiros numa micareta, arrumando briga em meio a multidão.

O tal Coronel reformado, cujo filho foi preso, é famoso por punir policiais por abuso de autoridade. As pessoas ignoram que é prerrogativa da polícia dar porrada. Nós não podemos... Mas eles podem E DEVEM!

Não é raro ver policial dando porrada em casos de distúrbio da ordem pública, e a imprensa cair de pau em cima. A mais recente onda é dos protestadores do caso Arruda no DF. Aqueles protestadores não devem apanhar só por causar distúrbios na ordem pública, mas especialmente pois não apanharam do pai em casa e se tornaram analfabetos funcionais. São universitários que não conseguem ir além do que um orangotango faria se estivesse bravo. A crítica é válida pois o Brasil é um país democrático e, de um jeito civilizado, esse pessoal jamais sofreria qualquer embaraço.

Em países onde não há democracia, como no Irã e na Venezuela, aí só resta agir como orangotango, mesmo. Quando a coisa se torna uma questão de vida ou morte não há que esperar diferenças entre orangotangos e homens. Quando vemos as execuções feitas no Irã, devidos aos protestos por lá, fica difícil saber quem são os animais.

O Coronel-reformado-que-pune-abusos-policiais-e-tem-filho-assaltante é um caricato cronocêntrico. Quem tem dó de orangotangos pode criar monstros.

Não pretendo justificar todo tipo de abuso policial. Só lembrar que um policial no exercício de sua função tem que, inclusive, dar porrada. E normalmente a imprensa joga a opinião pública contra a polícia nesses casos. E o tal Coronel parece que não gostava muito do exercício policial. Se o Coronel ouvisse mais o pessoal da comunidade saberia que um tapinha não dói.

No outro lado vimos policias numa micareta, distribuindo socos sem qualquer critérios em meio a multidão. É exigência do processo civilizatório no mínimo um cassetete, utilizado para dispersão. E, se perseguir alguém no meio da multidão que seja algemado. Perseguir no meio da multidão para dar soco e deixar ir embora não foi dispersão, mas agressão policial (ou o tal abuso). Policial tem que perseguir quem cometeu crime, quem deve ser preso. Caso contrário deveria se limitar a distribuir democraticamente suas porradas, sem distinção de sexo, cor, classe social ou espécie.