domingo, 28 de setembro de 2014

Pequeno adendo

Fiz 30 anos a pouco tempo. O que eu diria para mim mesmo com 18 ou 20?

Que as questões morais parecem uma coisa distante e inútil quando somos tão jovens. Só gente que não tem o que fazer que fica perdendo tempo com uma coisa dessa.

Mas a verdade é o que essas questões vão se aproximando do centro da nossa vida. As vezes lentamente, as vezes a galope. É importante ser um homem bom, mas nem sempre é claro o que é ser bom e muito menos fácil ou autoevidente ser bom o tempo todo. Não tem dinheiro no mundo que pague você dormir tranqüilo.

É uma coisa realmente macabra essa idéia dos jovens quererem mudar o mundo.  De fato eles, com exceções que geralmente não são invejáveis, ainda não conheceram o mundo ainda.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Letreiro do inferno


Por mim se vai das dores à morada,Por mim se vai ao padecer eterno,Por mim se vai à gente condenada.

Moveu Justiça o Autor meu sempiterno,
Formado fui por divina possança,
Sabedoria suma e amor supremo.

No existir, ser nenhum a mim se avança,
Não sendo eterno, e eu eterno perduro:
Deixai, o vós que entrais, toda a esperança!


Foi o letreiro que o Dante leu na entrada do Inferno.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Experiências de vida - Trabalho

Com 7 anos eu comecei a trabalhar com meu pai. Meu pai deveria me processar, pois eu não lhe dei outra opção. Eu me lembro que eu queria fazer aquilo. Como ele não deixava um dia eu roubei as ferramentas dele e fiz algum estrago. Aí ele desistiu de me segurar.

Com cerca de 16 anos eu comecei a freqüentar o autódromo de Interlagos.  Em algum tempo eu ajudei meu amigo Edu Harmel, que tinha um projeto de de site para divulgação do automobilismo. Que não deu muito certo, mas que me levou até o Ivo Sznelwar, que era na época produtor do programa Espaço Motor em São Paulo. Eu instalava câmeras on-board nos carros, arrastava tralhas, etc.

O programa Espaço Motor, que era comandado pelo João Mendes e chegou a ser o programa independente mais antigo no ar na TV brasileira perdeu seu espaço. Perdeu por um fato "famoso", um esquema de corrupção da bancada evangélica. O Espaço Motor perdeu seu espaço exatamente para um programa de Igreja, pago com dinheiro dos esquemas de corrupção. Nesse meio tempo eu ingressei na engenharia da FEI.

Foi então que o Ivo me introduziu o Jaime Gulinelli. Eu me lembro como foi  a entrevista. Você sabe fazer? Não.. E aquilo? Também não? Pelo menos isso você sabe, né? Também não sei. Mas tudo bem, você está contratado!

Foi trabalhando como Jaime que tive a melhor experiência de engenheiro na vida. Quando eu resolvi o problema de super-aquecimento do carro no "olho". Eu até me achei engenheiro na época, se tudo fosse tão fácil assim hoje eu estaria milionário ou pelo menos vivendo bem como o Luc de Ferran. Outra coisa bacana foi quando produzimos os tanques de abastecimento para as Mil Milhas Brasileiras, a primeira que fez parte do calendário da FIA em 2006. Nós produzimos as torres de abastecimento no padrão FIA para as equipes brasileiras. Não tivemos homologação, mas foi tecnicamente aceita.

Também foi quando mais aprendi de suspensão na vida. Eu me sinto até hoje muito mais um especialista em suspensão do que em motor... Mas para não desviar do assunto.

Por causa da minha experiência com o Jaime, eu consegui um estágio de engenharia na Darma, empresa de ventiladores e máquina de mineração no Largo do Socorro do seu Renato. Meu chefe era o Emmidio d'Andrea. Eu acabei fazendo mais coisas com sistemas de amostragem para máquinas de mineração. E graças a isso acabei visitando algumas minas em Minas Gerais. Minas de ferro foram os lugares mais bonitos e mais feios que já estive na face da terra. A mina de Brucutu, a maior do mundo, era um horror. E a de Gongo Soco era uma coisa linda. Gongo Soco foi uma vila inglesa de exploração ao ouro, mas a mais de 100 anos o ouro acabará. A vila inglesa permanecia lá em ruínas. A cidade também era a primeira cidade onde o Aleijadinho trabalhou, Barão de Cocais.

Bem, depois eu entre na MWM, o que é uma história a parte. A MWM foi muito mais que um trabalho, foi uma vida inteira! Mas uma história de trabalho da MWM ainda cabe aqui.

Minha experiência montando blindados militares na Turquia. Nós tínhamos que entregar 11 carros para polícia turca na sexta-feira. Sexta-feira que eu tive uma caganeira lascada e os blindados estavam na maioria crus, não dava para fazer muita coisa. Mudaram para segunda a data e sentamos a ripa, que no nosso caso era "fleshar" os 11 carros com a calibração correta e checar se tudo estava funcionando corretamente, um porção de sensores do veículo. Eu não estive numa guerra, mas se eu tenho idéia do que é guerra é essa experiência de trabalhar dentro de uma instalação militar sob pressão. Um dos motores apresentou vazamento de óleo, e aí me chamaram lá. Eu só pedi para ir buscar as ferramentas e o retentor que estavam em outro prédio. E acho que nunca fiz um trabalho de mecânico tão tranqüilo, parecia coisa de criança. Eu poderia ter gravado um vídeo pro Telecurso 2000, explicando o que eu estava fazendo, de tão claro e seguro que eu estava. Trabalhar na guerra é mais legal. E minha caganeira só me atacou uma vez no dia.

O turco que era "meu chefe" no blindado, era um cara fantástico. Yusuf era alcoólatra para os padrões turcos, ele bebia todo dia uma ou duas cervejas enquanto dirigia, e as garrafas ficavam batendo no chão do carro. Ele só esvaziava o carro quando encontrava um ponto de coleta para reciclagem. E me lembro dele chegar segunda-feira de manhã, dia da entrega, depois de ter se ferrado o final de semana todo rindo e cantando alguma música na cabeça. Um dia ainda vou contar o porque eu nunca vou me esquecer da felicidade do turco, mas ele tinha muitos motivos para estar bem bravo e mal humorado, mas estava lá rindo de si mesmo. Manter a serenidade enquanto medita num campo verde e tranqüilo é fácil. Mas é

Nesses 30 anos de idade eu já me diverti e tive oportunidade de fazer coisas muitos legais como trabalho!

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Hangout Lobão e Danilo Gentili

O que importa é que estão avisando que vai dar merda. Se ninguém está entendendo é outro problema.

Sem contar que eu sinto que esse bate-papo tem tudo a ver com os trechos do "Mero Cristianismo" do C.S. Lewis que eu publiquei aqui http://cronocentrico.blogspot.hk/2014/09/lendo-um-pouco-de-cslewis.html

Lendo um pouco de C.S.Lewis

“Imagine, por exemplo, um país onde alguém fosse admirado por fugir do campo de batalha, ou se um homem se sentisse orgulhoso de ter traído as pessoas que mais lhe queriam bem. Faria tanto sentido como imaginar um país onde dois mais dois são cinco”.

Coitado do C.S. Lewis, que conheceu esse país só na imaginação. Hoje ninguém precisa mais imaginar, é só visitar o Brasil.

“…se não existe o certo e o errado -em outras palavras, se não há lei natural, qual a diferença entre um tratado justo e um injusto?”

Ou seja, se não existe um certo e um errado não pode existir justiça. Veja só como isso é doentio, as pessoas ou instituições que mais clamam por justiça são exatamente as que menos discutem sobre o que é certo e errado. Elas são o certo e o outro o errado. 

Aí se esconde o pulo do gato. Para julgar o que é certo ou errado, o que é justo, primeiro se deve discutir o que é certo e o que errado. Essa é a discussão mais importante. Porém todo mundo já chegou a sua conclusão, e discutir isso é proibido.

“Repare o leitor que é somente para o mau comportamento que buscamos essas explicações: só sentimos necessidade de atribuir ao cansaço, às preocupações ou a fome os defeitos do nosso caráter; quanto às nossa qualidades, atribuímo-las sem mais a nós mesmos.”

Nessa vida social que nós levamos os defeitos são só da burguesia, da Igreja, do neoliberalismo, da escravidão, dos EEUU. E as qualidades, claro, são todas do socialismo.


“Não há um só de nossos instintos que não se transforme num demônio se fizermos dele um princípio absoluto. Você talvez pense que o amor genérico ao próximo, isso é o que chamam de ‘amor à humanidade’, é uma regra de conduta segura em todas as ocasiões, mas não o é. Se você deixar de lado a justiça, em breve estará rompendo acordos e falsificando evidências nos tribunais ‘em benefício da humanidade’, para tornar-se no final das contas apenas mais um indivíduo cruel e traiçoeiro.”


“…se a regra do comportamento significasse ‘aquilo que cada povo considera correto’, não faria sentido dizer que determinado povo acertou mais que outro, nem seria razoável dizer que o mundo pode progredir ou regredir em matéria de moral.”

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Aranha

-Uma torcedora gremista foi revelada pela ESPN chamando o goleiro negro do Santos de macaco.
-ESPN é aquela mesma, que incentivou a violência contra jornalistas da oposição.
-Olavo de Carvalho escreveu: Nenhum negro, gay ou índio foi mais discriminado neste país do que eu. E posso garantir: Não dói. Só se você for todo cheio de não-me-toques. Leve no bom-humor e seus discriminadores cairão no ridículo. Mas faça-se de vítima, e quem cai no ridículo é você.
-Ela perdeu o emprego, teve a casa apedrejada e incendiada.
-A menina pediu desculpas para o Aranha, que não aceitou.
-Agora os jogadores negros não são mais chamados de macaco, mas de aranha.
-Aranha foi vaiado pela torcida gremista no sul.

Se o Aranha tivesse seguido o conselho do Olavo de Carvalho tudo seria mais fácil.

O Olavo tem razão!

Procrastinação à brasileira

Lá pela época do ensino médio (eu fui uma das primeiras turmas a cursar isso, que antes era chamado de segundo grau e mais antigamente de ginásio) ouvia a ladainha que o problema do Brasil foi sua colonização.

Depois não só a colonização quanto a escravidão, a influência dos EEUU,  a ditadura militar.

A culpa da violência é da pobreza. E quando vemos que Índia, China ou Turquia, tão ou mais pobres que o Brasil, não tem tanta violência que tem no Brasil a culpa sobra para diversidade cultural, no excesso de fronteiras, etc. Ou então a culpa é que aqui não tem guerra, ou que aqui só tem 500 anos e os outros países demoraram milênios para serem forjados.

De fato, se existe uma visão negativa do Brasil no exterior, é pelo brasileiro colocar sempre a culpa do seu fracasso no outro. E essa visão negativa é o maior reflexo da realidade.

O que se faz na universidade brasileira? Se aprende tudo que eu aprendi no ensino médio. A culpa é da colonização, da escravidão, dos EEUU, do neo-liberalismo. Mas nem tudo é velho na universidade brasileira, também produzem coisas novas como a culpa da violência é o combate às drogas!

A universidade brasileira deveria produzir soluções, mas ela só produz culpados. Como um país tão recalcado pode se desenvolver? Só resta mesmo a procrastinação.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O preço da covardia

César não era ninguém muito importante quando foi seqüestrado por piratas. Ele disse que chamaria seu exército e os degolaria. Não se sabe como ao certo, mas César conseguiu seu exército e degolou os piratas. Não só esses mas muitos outros que infestavam o mar naquela época.

Como curiosidade, o fato dele degolar os piratas era visto na época como um ato humanitário, onde a preferência era matar com mortes doloridas. César era assim muito pragmático, apenas matava, sem objetivo de causar sofrimento.

Graças a isso, navegar se tornou seguro e o comércio disparou naquela época que é conhecida como uma das mais pacificas da história.

O crime não deve compensar. Isso é, as pessoas boas devem tornar a vida dos criminosos um inferno, para que o crime não compense evidentemente. Do contrário o crime compensará, ao menos a curto prazo. As pessoas boas devem ser mais assassinas e destemidas que as pessoas más. Não é o pacifismo que explica a diferença entre uma pessoa boa e uma pessoa má, mas sim a justiça.

Não por menos no último século nada mais promoveu guerras que o pacifismo. Foi o pacifismo que promoveu a segunda guerra, como previu Winston Churchill com a célebre frase: Entre a guerra e a desonra vocês escolheram a desonra, e por isso vão levar a guerra.

E agora a política pacifista de Obama que acaba de arrastar os EEUU para uma guerra contra o Estado Islâmico.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Conversando com a civilização

Conversa com um sueco, que mora a 12 na China e passou um tempo na Índia antes.

-A China é um local seguro.
-Concordo -disse o sueco. Eu já passei muitas noites na rua bêbado e nunca me roubaram nada.
-No Brasil não é assim, eu vejo as pessoas aqui na China no caixa eletrônico, elas contam dinheiro a vista e nada acontece.
-Mas cada saque são 2, 2500. No máximo dá para sacar uns ¥10000. Quem vai querer roubar isso?

¥2500 são um pouco menos de R$1000. Esse é o valor máximo da taxa de saque. Mas você pode sacar quantas vezes quiser no dia. Mal ele sabe que no Brasil são 1000 reais por dia, e nada mais!

-Oras, no Brasil eles roubam celulares à mão armada!

O sueco riu da minha cara.

-Você está brincando comigo?

-Não, falo sério. O Brasil é um país fechado, as pessoas consideram isso normal lá. Elas não sabem o que acontece no mundo de verdade.

-Aqui na China todo mundo tem um celular bacana. No Brasil não?


Eu disse que tem, mas tem que tomar cuidado. Ele conheceu 2 dos maiores e mais pobres países do mundo e não entender o que acontece no Brasil. Quando será que o brasileiro vai perceber que o que acontece no Brasil não é normal?