domingo, 19 de janeiro de 2014

O imaginário popular

Outro assunto que é trazido ao debate público pelo Olavo de Carvalho e seus seguidores é sobre a formação do imaginário.

Uma pessoa não pode ser aquilo que ela não imagina existir, e a literatura seria a principal fonte formadora desta imaginação.

Além de conviver na infância com minha bisavó, nascida em 1907, e ela nos contar da época que os homens honravam a barba na cara, posso testemunhar um fato importante:

Eu ler a conversão de Santo Agostinho quando jovem, num livro jogado na casa de um tio. Por causa desse livro entrou na minha imaginação:

-400 anos era tempo suficiente para alguém considerar o cristianismo velho e ultrapassado. Meus contemporâneos se abestalham por chegar a essa conclusão em 2000 anos;
-A partir do momento que encontrasse alguma verdade na Bíblia a conversão seria inevitável.

Outro ponto importante foi ler sobre a Renascença. Sonhava que hoje em dia todos éramos uma réplica de Leonardo d'Vinci, com desejo imenso de conhecimento. Foi a maior decepção quando descobri que era mentira. O homem moderno caga e anda para o conhecimento.

É por isso que os governos tirânicos controlam a produção cultural. Impor um imaginário reduzido é uma forma de escravizar. É necessário também assegurar isso, com a educação pública garantida pelo estado.

Estou lendo agora "O Senhor do Mundo", escrito pelo anglicano convertido à igreja católica Robert Hugh Benson. Uma distopia escrita em 1914 sobre o futuro do mundo no comunismo. Ler este livro é praticamente como ler o noticiário de hoje, tirando que foi a Rússia que sofreu um golpe comunista em 1917 e não a Inglaterra, que a China não derrotou a Rússia e que os telégrafos deixaram de existir a bastante tempo é assustador o nível de acerto. Eles precisariam destruir e criminalizar a igreja Católica. A psicologia e o humanismo explicariam tudo, e só os ignorantes ainda manteriam a fé...

Abtreibung Aufklärung

Preparando um material em alemão para explicar como a opinião pública brasileira é maciçamente contrária ao aborto. E apesar disso partidos políticos e mídia defendem esse procedimento com a maior naturalidade

Brasilien lehnt die Abtreibung ab. Seit 1993 steigt die Ablehnung von Abtreibung. Trotzdem bleiben die Medien und Parteien immer treu in ihre Zweck: Abtreibung ohne Restriktion zu schaffen. Wieso?

Datafolha Umfrage

60er Jahren des vergangenes Jahrhunderts war Brasilien unter linken-extremisten Druck. Die Konterrevolution bracht Militär-Regierung und brasilianische Grenzen waren zu für fremde Debatte.

In Vereinigten Staaten und Europa entlarvte die Diskussion über Abtreibung. Das ging entweder um Frauenrechte oder Armut-Verminderung. 80er Jahre waren Übergangszeit zur Demokratie in Brasilien. Die Abtreibung-Frage kam eigentlich in 90er. Datafolha Umfrage zahlte damals 55% gegen Abtreibung.

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"Wer Abtreibung unterstütz, versucht die Frauen zu betrugen. Sie sagen: Alles, was in ihr Leib ist, gehört zu ihr. Sie können mit ihr Leib machen, was sie wollen. Das heißt, der Fötus nur ein Teil von ihr ist."
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"Fötus gehört nicht nur zur Frauen, sondern auch zum Mann. Fötus ist nicht nur Eizelle sondern auch Sperma."
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Das ist eine kleine Übersetzung von Olavo de Carvalho. Wir können noch akzeptieren, während Schwangerschaft der ganze Fötus zur Frauen gehört. Der Mann gibt sein Sperma zu ihr. In diesen bestimmten Zeitabschnitt der Fötus nur zur Frauen gehört. Das heißt doch, wenn der Fötus zur Welt kommen wird, gehört er nicht mehr zur Frauen, sondern zur Welt. Wir dürfen die Frau beurteilen, weil sie ein gestorbene Fötus zur Welt gebracht hat.

Wenn es um Leben und Tod geht, dürfen wir uns nicht lassen, nur einen bestimmten Zeitabschnitt aufnehmen und beurteilen. Ich höre es sehr oft, dass ein Fötus kein Bewusstsein hat.  Wenn es Grund genug wäre, könnten wir ein Mensch in Komma sterben lassen, weil er kein Bewusstsein in diesen Zeitabschnitt hat.





quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Conceito de pobreza e o sentido das palavras

Pensando ainda sobre a guerra pela "Justiça Social" que o Obama acabar de declarar, eu percebi como conceitos tão amplos e subjetivos como da pobreza são aceitos como definições inquestionáveis. Como se uma maçã chamada pobreza houvesse caído na cabeça de um gênio e ele tivesse em algum lugar da história descrito ela tão precisamente que nós pudéssemos a reconhecer e a combater simplesmente com um olhar e "vontade política".

Quando um dia desses eu me deparei com um artigo no Spiegel sobre a pobreza na infância do Wirtschafts- und Sozialwissenschaftlichen Institut (WSI), que estuda o que é pobreza e desigualdade a mais de 60 anos.

Fazem 60 anos que estudam e para saber o que é pobreza. Ainda que eu tenha discutido aqui a essência da pobreza, não me passou pela cabeça relacionar a essência com o uso da palavra. Talvez por isso eu esteja tão incomodado.

Só para dar um exemplo da manipulação do uso das palavras, quer coisa mais mágica que o significado da expressão "classe média"? Por um lado a Dilma e o governo petista se orgulham de ter retirado milhões da pobreza, seja lá o que isso signifique, e elevado à classe média. Por outro lado não são poucos os ataques à classe média, acusada de todo mal da sociedade brasileira. O que podemos concluir? O PT destruiu o Brasil por expandir a classe média? E o maior exemplo disso seria o Maranhão? Tô entendendo agora!

Obviamente eles não se preocupam com o sentido das palavras, só com a emoção que elas geram. E as emoções dependem única e exclusivamente do contexto. A consciência não apreende uma unidade. Como diria Dostoievski: se não existe uma unidade então tudo é permitido. Se tudo é permitido então é permitido manipular pessoas, e nada melhor do que fazer isso do que fazer elas acreditarem que tem consciência e sabedoria enquanto não tem.

Vejam só, a própria idéia que "a verdade não tem dono" é tristemente manipulada. "Eu tenho a minha e você tem a sua". Se eu tenho uma e você tem outra, então nós podemos comprar, vender ou trocar de idéias. Se a verdade não tem dono, significa que qualquer filho da puta pode descobrir uma verdade. Como eu me encaixo no perfil, vou tentando.

Que a pobreza seja definida como falta de dinheiro ou bens materiais em países desenvolvidos me parece razoável. Onde a liberdade está garantida, o acesso a bens materiais é a única restrição. Quando a liberdade está restrita, a pobreza deveria ser medida a partir das restrições, que significam mais do que o acesso momentâneo ao dinheiro.

domingo, 12 de janeiro de 2014

A alienação

Acabei de assistir uma entrevista com o Roger Scruton recomendada pelo Rodrigo Constantino.

O que me chamou a atenção é ele utilizar a palavra em alemão para falar de alienação: Entfremdung. Não é a primeira nem a última vez que o alemão nos fornecerá palavras que tornam fáceis conceitos difíceis. Wahrnehmung em português se chama cognição.  Que é a capacidade de tomar como realidade o que nossos sentidos capitam. Dá até para usar como um verbo: Ich nehme das wahr. Eu tomo isso como real. Selbsverständlich! Eu lia a palavra cognição e me sentia distante de um entendimento.

Entfremdung é auto-evidente. Se alienar significa então se tornar estranho. No Brasil, onde ser estranho é quase obrigatório, é bem difícil de perceber isso.

Como por exemplo, como um país de maioria conservadora não existe um único partido conservador? A direita se chama aqui social-democracia, que em países civilizados é conhecida como a esquerda aceitável.

Lá pelos meus 20 poucos, não acreditava em Deus, não acreditava no socialismo/comunismo. Mas acreditava que o mundo deveria ser socialmente construído. Postas algumas leis e alguma liberdade, a sociedade se desenvolveria a partir dessas coisas. A esquerda havia roubado a idéia do construtivismo social e a corrompido. Era meu dever retomar o construtivismo social para o lado dos bons e executar essa idéia de modo sério, longe do pupulismo da esquerda.

Foi então na faculdade de engenharia  que tive acesso a aulas de filosofia básica, moral e religião. Foi lá então que conheci C.S. Lewis, G.K. Chesterton, Gustavo Corção e Olavo de Carvalho. Foi então que tive contato direto e sem filtros com pensamento conservador. Demorou mais de 20 anos para isso acontecer, para me ver fora de uma trama alienada e alienante.

Pobre é quem discute a existência de Deus como discute com uma criança de 7 anos. A discussão pública sobre a existência de Deus termina com tudo que aprendemos até essa idade. Se ignora o fato que a própria possibilidade de existir liberdade no mundo se passa pela existência de Deus. Deus na tradição monoteísta é a própria promessa de se livrar da escravidão.

E o debate sobre a moral? Consegue passar ainda mais longe. A moral está para natureza humana como a gravidade está para a natureza física. Não há como escapar da moral, moral é simplesmente o fato de atacarmos aquilo que achamos errado e defendermos o que achamos certo. Aproveitando mais uma fala do Roger Scruton, toda idéia séria é realmente perigosa. A moral no debate público significa um pacote de valores impostos à sociedade. A exposição da moral desta maneira atiça nossa moral, a tal estrutura da natureza humana, contra a própria palavra moral. É como acusar a força da gravidade de derrubar uma casa, e por isso banir o estudo das leis da física em toda sociedade. Estudamos a força da gravidade para fazer prédios que não caiam, pra nos tornarmos livres dos piores efeitos da gravidade. Se não estudarmos o que é moral nos tornamos reféns da moral, por exemplo: Fumar é ruim, então odiamos os fumantes. Realizar irrestritamente todos os desejos sexuais é bom, então amamos os homossexuais, que formalizam essa capacidade. Refrear o desejo sexual? Isso entra no domínio da moral, e por isso odiamos.  E provavelmente são homofóbicos.

Enquanto a moral não se torne consciente, através do estudo e educação, ela será a principal ferramenta de alienação. Pois a moral é forte e certa como a gravidade. A falta de consciência da moral faz a população acatar com amor e ódio as vontades do partido ou de instituições financiadas por milionários.

As forças mais evidentes da natureza

Meus amigos filósofos vão torcer o nariz por eu comparar a Lei da Gravitação de Newton com a Lei Moral. Eles tem a completa razão, pois a vontade de Newton era transformar as leis da física como tratado de filosofia. Sabemos que as leis da física Newtoniana são apenas uma aproximação e não correspondem completamente a realidade, contém declaradamente um erro. Filosoficamente a física Newtoniana é inaceitável. Mas eu sou um engenheiro, para mim dois mais dois são aproximadamente quatro, mas por segurança eu adoto cinco, ou se a idéia for economizar eu arrisco até um três. Um engenheiro vive do erro de cálculo, na fenda entre a "ideologia" física e a realidade. Exatamente como um verdadeiro filósofo, que vive na fenda entre o mundo das idéias e a realidade. Tentamos conectar a realidade ao outro lado, no caso dos engenheiros a física e no caso dos filósofos a metafísica. Quando encontramos Newton o ponto de contato é diferente. Assim, se me permitem, falo de Newton como engenheiro e aceito que como filósofo ele é um enganador.

Mas o fato é que começar pela moral ou pela força da gravidade significa não começar nem pelo começo nem pelo fim. É começar pelo meio, o centro de nossa atenção. A força da gravidade é evidente, pois as coisas caem "sozinhas" em direção ao chão. Para qualquer outro movimento precisamos de uma força, um esforço. Tão evidente quanto nós gostamos de estar certos, de coisas bonitas e justas. Assim como detestamos o erro (muito embora o aceitamos na física Newtoniana), o feio e a injustiça. Não quero discutir aqui sobre o que é certo, belo e justo, mas sim que TODOS tem a necessidade de encontrar e defender essas três coisas. O que há por trás da força da gravidade é uma coisa que a ciência nunca chegou a uma conclusão. Mas o que há por trás da força Moral?

Antes de responder, ninguém toma a força da gravidade como causa. Sabemos que ela é efeito de alguma coisa, não sabemos ao certo o que está por trás da atração de massas. A força da lei Moral também não pode ser causa, mas efeito de alguma coisa. Essa coisa é que colocamos o nome de Deus. Por milhares de anos, diversas civilizações espalhadas chegaram a conclusão que de uma forma ou de outra Deus existe.  Percebem como é ridícula a afirmação que o homem criou Deus? Não O criou, mas O encontrou no fundo da própria alma. Também não cabe aqui discutir qual Deus é correto, mas que de alguma forma Ele existe e nós dependemos Dele.

O ateísmo, as ideologias que preconizam a criação da realidade a partir das idéias, não passam de Entfremdungen. Alienações que tornam o homem estranho ao próprio homem.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Obama e a luta pela Justiça Social

Agora é oficial. Obama acaba de lançar que a luta agora é pela justiça social. Evocando o presidente Lyndon B. Johnson. Segue:

President Lyndon B. Johnson announced a "war on poverty" in America in his State of the Union address on January 8, 1964. "This administration today, here and now, declares unconditional war on poverty in America," he said. "It will not be a short or easy struggle, no single weapon or strategy will suffice, but we shall not rest until that war is won. The richest nation on Earth can afford to win it. We cannot afford to lose it." The aim of the war, he said would be to "cure" and "prevent" poverty.
...
The war on poverty helped raise millions above the poverty line. During Johnson's years in office, the poverty rate dropped from 23 percent to 12 percent.

Cada vez mais esses número de pobreza me impressionam pela inutilidade. Servem basicamente para um presidente inexpressivo ser lembrado e nada mais. Sinal de que não passam de valores manipuláveis e por isso manipulados.

Não há exemplo no mundo que a luta pela justiça social não tenha feito só pessoas perderem suas cabeças. Lutar "pela justiça social" é como apagar o fogo pela chama. Talvez ele até apague, mas você não colaborou em nada para isso. A luta tem que ser pelo conhecimento, pela justiça e pela liberdade. São essas três coisas que asseguram a qualquer um o poder e a possibilidade de agir para sua sobrevivência e sustento. Isso define muito melhor o que é pobreza absoluta do ter ou não ter algum dinheiro e propriedades. Um exemplo: Quando vemos no jornal um posto de saúde lá no meio do mato cheio de infiltração. O que é de se lamentar não é tanto a falta de atenção do governo, mas sim a incapacidade das pessoas se mexerem e agirem por si mesmas. Meu pai sempre arrumou o telhado de casa. Não é coisa de outro mundo. Fico imaginando as pessoas que trabalham no posto olhando a infiltração destruindo o prédio dia após dia, enquanto lamentam que o governo não faz nada! Já está no DNA do brasileiro que o governo deve ser responsável por tudo.

Quem não assistiu Gran Torino, a cena em que o velho rabugento sr. Kowalski dá uma caixa de ferramentas e uma lata de WD-40 para o menino Thao e fala, isso é o mínimo que você precisa para ser um homem? O Brasil precisa de mais senhores Kowalskis e menos governo. O que significa a luta por justiça social do Obama do que mais governo e menos senhores Kowalskis?

No final das contas a "justiça social" significa trocar a educação, liberdade e justiça por algum dinheiro. Afinal de contas, se você tem algum dinheiro para que vai se preocupar com essas coisas complicadas?