segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Ein Versuch!

Ich möchte gerne nach Deutschland fliegen. Ich soll am ende Mai nach Deutschland fliegen.

Ich werde einen Unterrichte bei Goethe Institut machen. Ich lerne seit 1 Jahr Deutsch hier in Brasilien. Bevor habe ich nur wenige Wörter gekannte. Na, ja! Ich weiß ja gar nicht genau schreiben.

Wenn man Deutsch anfangen lernt, findet man so schwer! Alle Worte fällt man unbekannte ein. Danach wird alles mehr leicht sein. Überhaupt ist Deutsch so deutlich. Man sagen was man schreibt. Ich habe viele Sache bei Hör gelernt. Nie habe ich irgendwelche Worte auf English bei Hör gelernt.

Heute spreche ich Deutsch besser als Englisch. Englisch ist die Sprache des Geld. Geld ist mir zu viel! Einfach. Ich bin nur ein Techniker. Und Deutsch ist die Sprache des Techniker. Dann werde ich Deutsch lernen. Vielleicht muss ich wie armer Kerl sterben... Ich weiß nicht!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Assange

Os picaretas são sempre charmosos. Eles levam provocam o caos, desgraçam tudo. Mas todo mundo os amam. O mundo não é perfeito, todo mundo erra e a aparência sempre vencerá facilmente o conteúdo.

O Assange, fundador da Wikileaks é um caso típico. E é um caso de delírio mundial. O movimento em torno do Assange acontece para rebaixar a democracia dos países ocidentais, equiparar a democracia ocidental a regimes autoritários. Sim, deve existir um bilhão de pessoas para discordar de mim, o que não deixa de ser engraçado. Ainda que tenha um bilhão de pessoas para defender Assange, eu estou certo e esse bilhão está errado. Mas como o Assange, eu também tenho medo de morrer numa prisão dos EEUU se eu for extraditado para lá. A minha sorte, como a dele, é que eu também acredito que eu não vou ser extraditado para lá graças a opinião pública mundial em torno de mim. Então, para não desagradar as massas, vamos defender Assange:

A graça toda já começa na acusação de estupro que ele sofre na Suécia. É claro, a Suécia só mais uma país fascista que publica tiras de humor do Maomé. Quem tem mais crédito, a Suécia ou um violador de correspondências e documentos oficiais? Claro que é mais fácil acreditar em um contraventor.

Ele é um contraventor, mas um contraventor de boas intenções. É o Che Guevara da era digital. Seus filhos e netos provavelmente terão uma camisa com o Assange estilizado, ou uma bandeirinha no quarto. O homem que veio para colocar o mundo nos eixos através da revelação da verdade. Como um homem tão bom pode ser um estuprador? Ahh, só num país com leis como na Suécia para ele poder sofrer uma acusação dessas. Como a Suécia pode garantir um julgamento justo, um país com tão longo histórico de violações contra imagem de Maomé? Num país justo como o Irã essa vagabunda que se utilizou sexualmente do Assange já teria ido para a forca.


A segunda parte se revela através no próprio conteúdo publicado. As poucas coisas que li foram as cartas da diplomacia americana sobre o Brasil. Puxa vida, os diplomatas escreviam para os EEUU que no Brasil há corrupção! Quanta maldade no coração, eu esperava que os diplomatas escrevessem cartas sobre a garota de Ipanema, sobre a caipirinha, todas essas coisas que os estrangeiros gostam de fazer no Brasil. Esses diplomatas vinham para cá e trabalhavam vendo o que acontecia, as acusações na imprensa (ahh, a democracia) e julgavam e enviavam relatórios sobre o que acontecia por aqui.

A terceira é sobre o medo revelado de morrer numa prisão dos EEUU. Todo mundo viu recentemente o que aconteceu com a última estrangeira acusada de espionagem nos EEUU. A russa Anna Chapman foi extraditada para a Rússia, onde foi fotografada de trajes íntimos para uma revista. Veja só, ela como estrangeira não pode ser acusada de traidora da pátria pelos os EEUU. Se Assange tiver o mesmo destino de Anna Chapman o mundo se tornará mais triste.

A única certeza que tenho na vida hoje é que no mundo tem, pelo menos, um bilhão de imbecis. O resto é tudo conseqüência duvidosa.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Ülüsü

Consegui baixar uma discografia do Die Toten Hosen. Ela não está completa, mas tem bastante coisa. A banda punk de Dusseldorf entrou em cena na década de 80. Tirando o idioma parece uma banda dos anos 80 como nós conhecemos. Mas tem uma coisas divertidas:

Ülüsü (Úlussu)

A música em primeira pessoa, conta que ele conheceu uma menina numa festa e se apaixonou. Só que ele cometeu um erro, perguntou o nome dela:

Ich habe deinem Namen gefragt. Du hast Ülüsü gesagt.

Só pelo nome ele percebeu que ela era uma turca.

Wir haben einen Treffpunkt gemacht.
Ich bin nicht gekommen, denn du musst verstehen.
Ich kann nicht mit dir nach Hause gehen.

Eles marcaram um encontro só que ele não foi. Ele espera que ela entenda, ele não pode levar ela para casa. Seria uma desonra para a família. No final ele deixa a entender ainda que ela era uma vagabunda.

Auf der Party ging's mir sowieso zu schnell,
du gehst bestimmt mit allen ins Bett.

O tom melancólico da música revela a ironia. Hoje em dia seria censurado. O vídeo da música mais visto no Youtube tem menos de 600 visualizações.

Ich kann das niemals verstehen!
(Jamais posso entender isso!)

O álbum é o Opel-Gang de 1983, e tem uma Caravan (Opel Rekord) velha na capa.





segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Alemão x Inglês

Inglês é a língua universal, básica para qualquer cidadão do mundo ocidental. O inglês tem uma gramática muito simples, como poucas conjugações verbais, poucos artigos, etc. Além de tudo, vivemos em contato com o vocabulário inglês todos os dias, gostemos ou não.

O alemão tem uma gramática quase bizarra, com declinações como no grego, no latim ou eslavo, com artigos incompreensíveis (der, die oder das?) e com verbos que se separam, formados por preposições que não fazem sentido. O vocabulário parece um mar, onde será inevitável se afogar.

Mas que diabo eu gosto tanto de estudar alemão?

Eu escuto mal, eu tenho péssima memória para regras. Se me contarem uma história, com sentido, eu nunca mais esqueço. Agora, regras só me entram na base da marretada. Após de muito custo, com a certeza que 15 dias depois vou esquecer. Como a gramática é uma questão de regras, eu sempre fui péssimo de línguas.

Por outro lado, nós nunca sabemos porque as coisas são como são. As conjugações verbais ajudam na compreensão da língua. Para quem é surdo como eu é muito conveniente. Reparem no "eu é", fica claro que o sujeito não sou eu, pois o verbo não está conjugado para a primeira pessoa, e sim para a terceira: ele é! Ele que é surdo como eu sou. A conjugação verbal é um mal necessário, para facilitar a compreensão da língua. E falo isso com uma dor no coração, minha única nota vermelha até a 8ª série foi conjugando verbos. Eu gostaria muito de dizer que essas conjugações são inúteis, mas não são!

Outra coisa importante é que inglês é uma língua para pessoas sociais. Quem é anti-social sofre muito aprendendo "Nice to meet you", para você ser um cara legal em inglês você tem que ser um cara muito legal. No alemão a primeira coisa que se aprende é a fugir da conversa. Wie geht's? Es geht. Como vai? Vai indo. Du sprichst schon gut Deutsch! Es geht, Você já fala alemão bem! Vai indo. Não há nada que não se possa responder com um "es geht".

Um simples "wie, bitte?" soa muito educado. Como, por favor? Ou um simples "wassss!?" explicita uma profunda indignação. O que!? É fácil se sentir confortável para se usar as palavras certas.

Sobre os verbos que se separam, o verbo hören é ouvir. Zuhören é escutar. Aufhören, algum chute? Aufhören é parar.

Conjugando o verbo do imperativo, da para falar algo assim:

Hör das bitte auf!

Tente falar isso gritando, é melhor do que mandar para puta que o pariu e significa "pare com isso, por favor".

domingo, 24 de outubro de 2010

Ein Leben ohne Lüge

O bom de ouvir música em inglês é que ninguém entende a letra. O bom de assistir filme em alemão é que ninguém entende nada.

Eu assisto alguns filmes através da excelente transmissão on-line do Zweites Deutsches Fernsehen (www.zdf.de). A transmissão tem uma qualidade muito melhor que do Youtube, mais definição e velocidade. Acho que isso é possível pois o material disponível se resume, praticamente, a programação da semana. Ou assiste durante a semana, ou nunca mais.

Mas os alemães adoram um drama, e conseguem fazer um filme ser triste mesmo para quem não entende quase nada de alemão.

Ein Leben ohne Lüge (uma vida sem mentiras) mostra o seqüestro de uma menina. Sua mãe aparece muitas vezes olhando o mar enquanto é consolada pelo amigos. Seu marido se suicida logo em seguida. A mãe continua olhando o mar, de um forma totalmente triste e deprimente, esperando notícias da filha.

Enfim, encontram sua filha viva. Mas quem a seqüestrou? O vilão da história tenta se matar no final do filme. Geralmente se torce para o vilão morrer logo de uma vez. Quando muito, exalta-se a honradez de quem poderia ter deixado o vilão morrer, mas contra a vontade natural de todos acaba salvando alguém que não presta.

Mas a história é tão triste que não consegui desejar essa morte. Nem dá para encontrar qualquer valor grandioso no policial que o salva. Só esperava que não morresse para não ser ainda mais triste.

http://www.zdf.de/ZDFmediathek/hauptnavigation/startseite/#/beitrag/video/1156414/Ein-Leben-ohne-Lüge

domingo, 26 de setembro de 2010

Os mandamentos

São muitas as discuções que se propagam. Pode-se debruçar sobre elas e perder vários anos da vida. Até cançar e não chegar a lugar algum.

Existe uma discussão que nunca vi, talvez por falta de atenção, mas certamente mereceria se investir vários anos. O que significa afinal "amar Deus sobre todas as coias e o próximo como a si mesmo"?

Não é uma respostas óbvia. Amar Deus sobre todas as outras coisas é algo muito fácil de entender, mas absolutamente difícil, praticamente impossível de se executar. É justo que se chame quem viveu isso de santo. É algo que foge da minha capacidade.

Amar o próximo como a si mesmo não parece ser algo tão complicado. Mas não deixa de ter seu mistério. Para amar o próximo como a si mesmo você tem que saber como você se ama. Você se olha no espelho e repete "eu me amo, eu me amo, eu me amo"?

Eu duvido que alguém saiba responder isso com honestidade muito facilmente. É uma questão quase confessional, creio. Só se fala para Aquele que não se consegue mentir. O que posso perceber é que as pessoas nunca se amam da mesma maneira. Não existe padrão para o amor-próprio, esquecendo as teorias motivacionais. Certo ou errado? Se estiver certo significa que não existe padrão para amar o próximo.

Esta aí, um motivo a mais para amar Deus sobre todas as outras coisas. Eu não sei se vou conseguir amar a Deus sobre todas as outras coisas, e nem sei se vou desobrir como eu me amo para amar o próximo como a mim mesmo. Pelo menos vou poder dizer que eu pensei bastante no assunto.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Gênesis, final.

O Gênesis explica assim como se formou a humanidade. Seria até engraçado passar pelo Gênesis pela ótica darwiniana. Será que as macacas piravam em ver os macacos de tanga? Ou ao menos as macacas mais inteligentes... Ou será que os macacos mais inteligentes obrigavam suas macacas a se vestirem, para não ser atacadas por outros macacos?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Gênesis - Parte I

Hoje me deu vontade de defender o Gênesis. Aliás, eu tenho essa vontade a muito tempo...

A briga é muito conhecida. Big-bang contra Gênesis. Darwin contra Gênesis. A ciência contra um credo? Não para um cristão, o Gênesis é a Verdade e o resto é só ensaio especulativo. O que fica sujeito ao credo então é a própria ciência.

Não há porque se envergonhar, as teorias científicas que explicam a criação da Terra e do homem são muito mais limitadas e grosseiras que o Gênesis. O fanatismo científico obnubila.

É muito simples, meus caros: Darwin tentou explicar como aconteceu a evolução do homem. O Gênesis contém exatamente como, quando e porque. Pretensioso demais, não? Pois é, somente um detalhado exame da razão para se certificar disso.

Adão andava pelado como todos os outros animais. Até que um dia Adão comeu o fruto do conhecimento do bem e do mal. Ele sentiu vergonha e por sentir vergonha foi expulso do paraíso.

Oras, pois, os outros animais ainda andam pelados, eles não tem conhecimento do bem e do mal. O Gênesis aponta que um dia estávamos pelados e, noutro dia, colocamos um canguinha e fomos expulsos do paraíso.

terça-feira, 8 de junho de 2010

A educação

Quando a escrita chegou no Egito um sábio profetizou:

-Esse negócio é uma praga. Num futuro teremos uma porção de falsos sábios, pois eles acreditarão possuir algum conhecimento obtido através da escrita, mas na verdade não saberão de nada.

Lógico que não foram essas as palavras, mas em resumo era isso. Em outra ponta, nós podemos ler na Pedagogia de Santo Tomás de Aquino, em sua introdução, a inviabilidade da educação. Pelo estudo do movimento é impossível o ato de alguém ensinar e um outro aprender. O que é uma coisa absurdamente realista. Quem enfrenta o ensino superior hoje em dia tem essa impressão, que ninguém ensina e ninguém aprende. A forma como Santo Tomas descreve que é impossível alguém ensinar e um outro aprender é o perfeito retrato da atualidade. O que demonstra que o erro não está na educação em si, mas em acreditar que ela deveria funcionar sendo que ela nunca funcionou.

Entretanto Santo Tomas defende a pedagogia: O ato de ensinar e de aprender é uma concessão divina. Novamente, as vezes quando aprendemos algo que alguém nos ensina temos a sensação de estar diante de um milagre.  Não é só a sensação, é verdadeiramente um milagre. Santo Tomás é científico pois ele era professor. E disse isso pois é o que viu com os próprios olhos, e é o que qualquer um que tenha olhos pode ver.

sábado, 29 de maio de 2010

A política das orquídeas

E economia vai bem, o desemprego baixo, as perspectivas são as melhores possíveis.

Nada de errado? Talvez você esteja na Alemanha na década de 30, ou no Brasil em 2010.

Nosso presidente é amigo de ditador, genocida, traficante e construtor de bomba atômica de fundo de quintal. Potencial para ser mais uma nação fascista é grande. Mas o brilho da Terra Prometida ofusca a vista, finalmente o Brasil será o país do futuro.

Não há segredo. O Lula não sabe, mas democracia significa que o presidente é só mais um Zé Ruela que deve seguir a lei. A democracia é isso e acabou. Se o presidente não segue a Lei, se o presidente é a Lei, então é ditadura.

O amor incondicional do Lula a todo tipo de pária revela sua visão de mundo. O presidente deve estar acima da Lei. Se o presidente manda prender, matar ou soltar quem ele quiser o Lula enxerga meramente como um exercício de autodeterminação dos povos.

Não há segredo. Existem três opções para uma nação:

1 - Se enche uma área tropical de puta, ladrão e traficante e se faz um país excitante de se morar, mas cheio de pobreza e violência, etc.

2 - Se enche uma área temperada de gente careta, hipócrita e chata e se faz um país seguro e que consegue ficar rico (pois não se gasta dinheiro com puta, droga e nem se quer se é assaltado por alguém que vai gastar com putas e drogas).

3 - Pegam algum cu do mundo, colocam um troglodita sentando numa cadeira e lhe dão um exercito para matar, roubar e conduzir o país rumo ao progresso material (que nunca chega). A versão mais muderna o animal ganha um botãozinho vermelho para explodir o resto do mundo se ficar deprimido.

A sorte do Brasil é que não fica num cu do mundo. A própria natureza é propícia para o desenvolvimento do primeiro tipo de civilização. A política se torna assim como uma criação de orquídeas, que só se desenvolvem num ambiente propício.

Os países que se tornam ricos pois estão cheios de gente chata. Um dia eles começam a sonhar em ser um país legal, cheio de putas e traficantes. É um dilema moral, eles tem dinheiro para a farra, dinheiro para a ressaca, dinheiro para o tratamento em clínica isolada em algum canto paradisíaco, dinheiro para abortar, dinheiro para o antirretroviral. Então porque putas e drogas seriam um problema? Eles enriqueceram, tem direito a isso!

E, por fim, temos as ditaduras. Que prometem a riqueza dos países chatos com a qualidade de vida dos países pobres. Essa é a pretensão do PT, e sua postura de apoiar toda e qualquer ditadura. Obviamente eles só conseguem juntar a chatura dos chatos e a pobreza dos pobres para o povo, e a riqueza e a qualidade de vida ficam pros escolhidos do Partido.

sábado, 3 de abril de 2010

Esquizofrenia coletiva

Faz tempo que não via o noticiário na TV. Mas ele mantém uma velha esquizofrenia intacta. A culpa é do excesso de velocidade.

Muito tempo atrás comecei a reparar em certas notícias. Faz algum tempo que vejo que a culpa é do excesso de velocidade.

-Homem saí de casa noturna, onde consumiu bebidas alcoólicas, atropelou dois velhinhos na avenida. A culpa é do excesso de velocidade.

-Após recapearem a pista eliminando os buracos, o número de acidentes na tal rodovia aumentou. A culpa é do excesso de velocidade.

Nesse final de semana continuo vendo a mesma história. A culpa é do excesso de velocidade.

-Vejam cenas chocantes de acidentes. A culpa é do excesso de velocidade.

-Um caminhão atravessa o cruzamento da estrada onde era obrigado a parar. O carro não conseguiu parar e bateu na sua lateral. A culpa é do excesso de velocidade.

-Dois caminhões ultrapassam um carro num local proibido. Nada a acontece. A culpa é do excesso de velocidade do MB 1113 carregado com 20 toneladas.

-Um carro estacionado no cruzamento, onde é proibido, tira a visão de quem faz a travessia do cruzamento. Sem a devida visão um veículo provoca um acidente. A culpa é do excesso de velocidade.

A culpa é do excesso de velocidade pois o excesso de velocidade é a culpa. Se não fosse o excesso de velocidade seria o excesso de velocidade assim mesmo. Como a gente não sabe de quem é a culpa e a gente ganha dinheiro pois a culpa é do excesso de velocidade. Ganhando dinheiro a culpa é do excesso de velocidade e a culpa é do excesso de velocidade dinheiro. Excesso culpa velocidade dinheiro. Dinheiro excesso culpa velocidade. A culpa é do excesso de velocidade.

sexta-feira, 5 de março de 2010

A forma e a substância

São naturais os entes passíveis de serem movidos. Eles são compostos de forma e substância.

Enquanto a forma é sensível aos 5 sentidos, a substância apenas a razão humana reconhece. Se pode abstrair todas as formas de um homem, como numa estátua de cera. A estátua de cera é um homem sem substância, é apenas um homem em forma.

Não se pode mover o homem de cera enquanto homem. O homem de cera não pertence a natureza, é um homem artificial. A cera em forma de homem é que pode ser movida, pois a cera pertence a natureza. A cera tem assim forma e substância.

Por mais estranho que pareça, esse é o princípio de conhecimento da realidade:

Quando se apreende o ente como é e como se move, se apreende uma realidade como tal.

A coisa se torna interessante no caso de analisar um sonho ou uma alucinação. Uma pessoa normal compreende que um sonho ou uma alucinação não pode ser verdade, pois não é possível que as coisas tenham se movido daquela maneira. Mesmo que todas as formas lembrem que você está na praia, você se lembra que não se moveu até lá e concluí que foi só um sonho. A loucura não está nas alucinações, a loucura está em confundir uma alucinação com a realidade.

Então é evidente que alguma coisa se move. Os sentidos captam a forma. Mas a forma pura pode ser uma estátua ou uma alucinação. A razão aprende que existe uma substância por trás daquela forma, apreendendo como ela se movimenta.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Força policial

Essa semana duas notícias envolvendo policias ganharam as manchetes.

Na primeira, o filho de um Coronel reformado da polícia do Rio de Janeiro foi preso com um outro policial por tentativa de assalto.

Em outra, policiais militares na Bahia foram flagrados feito maloqueiros numa micareta, arrumando briga em meio a multidão.

O tal Coronel reformado, cujo filho foi preso, é famoso por punir policiais por abuso de autoridade. As pessoas ignoram que é prerrogativa da polícia dar porrada. Nós não podemos... Mas eles podem E DEVEM!

Não é raro ver policial dando porrada em casos de distúrbio da ordem pública, e a imprensa cair de pau em cima. A mais recente onda é dos protestadores do caso Arruda no DF. Aqueles protestadores não devem apanhar só por causar distúrbios na ordem pública, mas especialmente pois não apanharam do pai em casa e se tornaram analfabetos funcionais. São universitários que não conseguem ir além do que um orangotango faria se estivesse bravo. A crítica é válida pois o Brasil é um país democrático e, de um jeito civilizado, esse pessoal jamais sofreria qualquer embaraço.

Em países onde não há democracia, como no Irã e na Venezuela, aí só resta agir como orangotango, mesmo. Quando a coisa se torna uma questão de vida ou morte não há que esperar diferenças entre orangotangos e homens. Quando vemos as execuções feitas no Irã, devidos aos protestos por lá, fica difícil saber quem são os animais.

O Coronel-reformado-que-pune-abusos-policiais-e-tem-filho-assaltante é um caricato cronocêntrico. Quem tem dó de orangotangos pode criar monstros.

Não pretendo justificar todo tipo de abuso policial. Só lembrar que um policial no exercício de sua função tem que, inclusive, dar porrada. E normalmente a imprensa joga a opinião pública contra a polícia nesses casos. E o tal Coronel parece que não gostava muito do exercício policial. Se o Coronel ouvisse mais o pessoal da comunidade saberia que um tapinha não dói.

No outro lado vimos policias numa micareta, distribuindo socos sem qualquer critérios em meio a multidão. É exigência do processo civilizatório no mínimo um cassetete, utilizado para dispersão. E, se perseguir alguém no meio da multidão que seja algemado. Perseguir no meio da multidão para dar soco e deixar ir embora não foi dispersão, mas agressão policial (ou o tal abuso). Policial tem que perseguir quem cometeu crime, quem deve ser preso. Caso contrário deveria se limitar a distribuir democraticamente suas porradas, sem distinção de sexo, cor, classe social ou espécie.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Por que estudar filosofia? Parte III

Como vimos, a vitória nas guerras Médicas possibilitou uma nova forma de vida para os atenienses, onde a educação militar perdeu a importância e a democracia entrou em cena.

Logo perceberam que, o homem que dominasse a arte de falar bem controlaria a democracia e Atenas.

Quando perceberam isso, lembraram que haviam dois estrangeiros em Atenas, que até então serviam mais como motivo de piada.

Eles eram Parmênides e Zenão de Eléia. Foram a Atenas levar suas idéias. Não foram os primeiros filósofos a chegarem em Atenas, essa honra cabe ao Anaxágoras. Mas eles levaram uma curiosa a discussão filosófica aos cidadãos atenienses.

Procuravam demonstrar que tudo que se vê é uma coisa só. Uma coisa não poderia ser uma e muitas ao mesmo tempo, assim tudo que víamos era uma coisa só. Chegavam a conclusão de que nada se movia e os sentidos eram apenas ilusões.

Parmênides e Zenão de Eléia defendiam essa idéia aparentemente absurda com argumentos claros e aparentemente verdadeiros. Se no início eram motivo de piadas, se tornaram interessantes às ambições da democracia ateniense. Os atenienses passaram a prestar atenção no que tinham a dizer, mas não no sentido filosófico de conhecimento da verdade que, apesar de tudo, Parmênides e Zenão buscavam. Prestavam atenção para apreender a técnica de desenvolver argumentos. Argumentos para defenderem suas idéias, sem se preocupar com a verdade por de trás delas.

O sofismo, então, ficou conhecido como esse tipo de conhecimento. Exemplos de como ela empobreceu a democracia e levou a corrupção de Atenas no próximo capítulo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Por que estudar filosofia? Parte II

Vimos que após as guerras Médicas os gregos tinham paz e passaram a controlar o comércio no mundo conhecido. Especialmente graças a sua imensa frota naval construída, a princípio, com fins militares.

Até as guerras Médicas a vida de todo grego era voltada para a guerra. A preparação física para a batalha era realizada num ginásio, e essa era a mais importante forma de educação.

Além da ginástica militar, os gregos costumavam entregar o filho aos cuidados de um escravo (pedagogo é escravo em grego). Aprendiam geralmente música e dialética, a arte de falar bem, mas nada de muito especial. Eram poucos os que sabiam ler e escrever.

Após a vitória sobre os Persas já não havia mais um motivo evidente para continuar com a educação militar. Não havia motivo mas os espartanos mantiveram a educação militar, enquanto em Atenas houve a grande reforma de Péricles. Floresce então a democracia, que passa a ser o centro da vida em Atenas.

Na democracia ateniense, todos os cidadãos (ou toda pólis) tinham direito a voto. Ser cidadão excluía então escravos e mulheres. Eram cerca de 400 cidadãos em Atenas, que se reuniam para fazer e executar suas leis. Era assim legislativa e judiciária a democracia ateniense.

Então todo cidadão tinha direito de expor suas idéias para serem votadas por todos os outros cidadãos. Logo se viu que um sujeito com uma maior capacidade de expor suas idéias controlaria Atenas.

Assim a educação perdeu a orientação militar, e passou a servir de base para a realização da democracia.

Como passou a ser essa educação é assunto para o próximo capítulo.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Por que estudar filosofia? Parte I

A política é capaz de dragar a inteligência de um homem. Quando alguém vê tudo em termos políticos é que ele já esqueceu para que serve a inteligência. A política é o que sobra quando acaba a inteligência.

O mal não está na política em si, mas em acreditar que a política é um fim em si mesmo. O problema começa em perceber esse detalhe, que se trata hoje a política como princípio, meio e fim da sociedade. O princípio é a ideologia política, o meio a praxis política e o fim a construção política da sociedade. Ou a sociedade politicamente correta.

Existem 1001 maneiras de se abordar isso. Sinceramente não sei a melhor maneira, mas alguém conseguiu sintetizar isso num quadro de humor:



Então é por ele que eu começo.

O apogeu e queda de Atenas ocorreu entre as guerras Médicas e a guerra do Peloponeso. As guerras Médicas foram travadas entre gregos e persas. Os persas eram o mais temido exército da época, e os gregos conseguiram se defender de suas investidas.

Sócrates, o filósofo, foi um destemido guerreiro a lutar nas guerras Médicas. Ele foi condenado a morte ao fim da guerra do Peloponeso, onde a cidade de Atenas foi derrotada por Esparta. Pelo tempo que compreende a vida de um homem, Atenas derrotou o mais temido exército então conhecido e foi derrotado por uma simples cidade. E isso não ocorreu por acaso, a história demonstra. Ironicamente ocorreu pelo desenvolvimento da democracia e da educação de forma desordenada.

Mas isso veremos no próximo capítulo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

L'AMOR CHE MUOVE IL SOLE E L'ALTRE STELLE

Texto de Gustavo Corção


Um curioso exemplo da falta de precisão científica em que incide certa espécie de filosofia cientificista, pode ser colhido na página setenta e quatro da tese que o Sr. Euryalo Cannabrava apresentou no seu concurso. Depois de muitas considerações tortuosas sobre a diferença que existe entre a linguagem científica e a linguagem poética, diz ele o seguinte:

"Cabe aqui perguntar se a frase "L'Amore que muove il sole e l'altre stelle" poderá ser considerada uma proposição. A fim de responder a essa pergunta, é necessário resolver preliminarmente se o seu enunciado será falso ou verdadeiro. Sob o ponto de vista da linguagem científica "L'Amore que muove il sole e l'altre stelle" se considera falso. o que move o sol e as estrelas não é o amor, mas o que está expresso na lei de Kepler, de acordo com a qual os astros descrevem, na sua órbita, uma elipse de que o sol ocupa um dos focos."

Analisemos esta passagem. Preliminarmente devemos notar que o verso de Dante diz "L'Amor" e não "L'Amore"; e que em italiano se diz "che" e não "que". Parece-me também que a construção "os astros descrevem, na sua órbita, uma elipse" ficaria muito melhor assim: "... os astros descrevem órbitas elípticas" ou "... descrevem elipses". Assim como está, a frase dá uma idéia engraçada: a órbita parece uma pista, uma estrada, na qual o astro faça uma elipse. Tudo isto porém importa relativamente pouco; o que importa é o conteúdo. Vamos a ele.

Diz o autor que não é o amor que move o sol e as estrelas, é o que está expresso na lei de Kepler. Ora, essa proposição, apesar das aparência, é muito menos científica do que o verso de Dante. Essa proposição é falsa. As leis de Kepler exprimem apenas como se movem os astros e não o que os move. Quando o grande astrônomo enuncia que os planetas descrevem elipses em que os quadrados dos tempos de revolução são proporcionais aos cubos dos eixos maiores, a causa eficiente, aquilo que move, não entra de modo algum em seu enunciado. E basta esse pequeno detalhe para me autorizar a dizer que a frase "o que move o sol e as estrelas é o que está expresso na lei de Kepler..." seria admissível na boca de um desprevenido bombeiro hidráulico que acabasse de ler o último número de Seleções, mas é imperdoável na tese de um candidato à cátedra de filosofia. Essa frase revela um irrecuperável escript de lourdeur, uma absoluta ausência de precisão cientifica, e sobretudo uma total incapacidade filosófica.

Além disso cumpre notar que as leis de Kepler só se referem aos movimentos planetários e que, por conseguinte, nem para exprimir apenas o modo do movimento convém ao sol e às estrelas, cujos movimentos próprios nada têm a ver com essas leis. Devo também assinalar que as órbitas planetárias só são elípticas se não levarmos em conta o movimento próprio do sol e as perturbações dos outros planetas. Há portanto na frase em questão um erro formal e um erro material.

Mas o erro grave que torna a frase falsa, realmente falsa, cientificamente falsa, astronomicamente falsa, é a ingênua e grosseira afirmação de que as leis de Kepler exprimem a causa eficiente, aquilo que move os astros. Para ilustrar melhor esse tipo de erro, passando-o da astronomia a um fenômeno mais trivial, eu imagino o sr. Cannabrava ao lado de Dante, a observar a travessura de um garoto que atirou uma pedra no lampião da esquina. Dante Alighiere, com profunda sabedoria, dirá:

— Aquele menino quebrou o lampião.

E o sr. Euryalo Cannabrava, olhando com superioridade os ressecados louros do florentino, corrigirá:

— Não, o que moveu a pedra e conseqüentemente quebrou o vidro é o que está expresso pela lei parabólica do movimento dos corpos pesados...

Deve-se então punir a equação, e não o garoto.

Se o autor daquela frase tivesse dito "leis de Newton" em lugar de leis de Kepler, o erro de sua proposição seria menos aparente, porque aquelas leis, embora ainda sejam expressões de modalidade, incluem uma referência à causa próxima da interação dos corpos celestes. Os corpos se atraem na proporção direta das massas e na inversa do quadrado das distâncias. Cinqüenta anos depois do grande Kepler, o imenso Newton virá dar maior unidade à mecânica celeste. Mas ainda não se pode dizer com propriedade que o que move o sol e as estrelas é o que está expresso na equação de Newton. A gravitação universal é um fato físico, e a lei de Newton descreve como agem os corpos dentro dessa realidade física que em si mesma é distinta dos símbolos matemáticos. A realidade das causas mais profundas que movem os astros escapa ao tratamento matemático e pertence ao domínio propriamente filosófico pelo qual o Sr. Cannabrava nutre tamanha aversão. Posso convir que uma pessoa seja agnóstica e que leve seu positivismo até o ponto de se desinteressar pelas causas profundas. Neste caso, porém, deve dizer: eu não sei o que é que move os astros, só sei que eles se movem assim...

A gravitação universal que o físico examina e mede é o aspecto sensível, quantitativo, de uma gravitação universal metafísica dentro da qual todas as naturezas, incluindo as supra-sensíveis, se movem segundo suas intrínsecas inclinações. Os filósofos, que Dante conhecia muito bem, falam num apetite natural. Qualquer manual elementar de filosofia ensina que na raiz de cada natureza há inclinações, ordenações essenciais que a movem para o seu fim ou para o seu bem. A noção de bem metafísico, coextensiva à noção de ser, é análoga ao que há de atraente e atrativo nas massas dos corpos físicos. Atrás das fórmulas de Newton há portanto, a realidade subjacente, a massa real, a corporiedade, que o físico matemático deixa ao abstrair o quantitativo que designa pela letra m: como atrás das medidas antropométricas do sr. Cannabrava há uma realidade humana maior e muito mais respeitável do que suas dimensões. E atrás do dinamismo expresso pelas forças designadas pela letra f há a realidade maior, subjacente, do dinamismo da natureza que os filósofos chamam de apetite natural.

Quando se trata de movimentos consciente de seres racionais, e conseguintemente livres, esse apetite se chama amor. Os filósofos da tradição aristotélico-tomista usam freqüentemente o termo "amor" em sentido largo, como sinônimo de apetite natural. No vocabulário de Lalande, por exemplo, encontramos: "Amor, sentido A: nome comum a todas as tendências atrativas, etc." Em São Francisco de Salles, no Traité de l'Amour de Dieu, encontramos a expressão amor aplicada à atração entre o ferro e o imã. No compêndio de Thonnard encontraremos a expressão amor para designar o tropismo das plantas.

Ora, isto nos mostra que o verso de Dante é muito mais verdadeiro (cientifica e filosoficamente) do que a pesada e torta frase do candidato à cátedra do Pedro II. Dizendo que é o amor que move os astros, o poeta anunciava, trezentos e tantos anos antes de Newton, a gravitação universal. Além disso o verso de Dante tem um sentido principal que ainda é mais profundo, que é mais verdadeiro do que todas as equações do mundo. Se nós pensarmos na causa primeira e no Motor de todos os seres, e se nós pensarmos no Fim a que todos os seres estão ordenados, veremos que em primeira e última instância é Ele que move o sol e as estrelas. Ora, o seu nome é Amor.

Aliás, o bom Kepler conhecia esse nome, e nunca pretendeu substituí-lo por suas equações. É no seu livro Harmonices Mundi Libri V que o grande astrônomo, depois de uma série de cogitações mais ou menos destituídas de valor, anuncia a sua grande descoberta. E eis como arremata ele, no estilo do salmista, sua memorável comunicação sobre as órbitas planetárias:

"A sabedoria de Deus é infinita, assim como sua Glória e seu Poder. Céus, cantai o seu louvor. Sol, lua, planetas, glorificai-o na vossa linguagem inefável. Harmonias celestes, e vós todos que procurais compreendê-las, louvai-o. E tu, alma minha, louva o teu Criador. É por Ele e n'Ele que tudo existe. O que nós ignoramos está encerrado n'Ele, bem como a nossa vã ciência. A Ele louvor, honra e glória, em todos os séculos e séculos".

E logo abaixo desse hino o bom astrônomo acrescentou esta tocante palavra de humana gratidão: "Glória também a Moestin, o meu velho professor".

Por onde se vê que é também o amor (stricto sensu) que move os verdadeiros astrônomos.

(Diário de Notícias, 28-12-52)

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